A hipnose para parar de fumar pode ser eficaz no tratamento da dependência da nicotina. É uma ótima opção para ajudar as pessoas no processo de abstinência, e oferece muitos outros benefícios, como ajudar nos níveis de estresse e ansiedade, insônia e até depressão.
A hipnose é uma maneira de alcançar um estado de foco e concentração elevados através do uso de atenção focada, imagens mentais e sugestões positivas. Ela pode ser usada de muitas maneiras diferentes, incluindo para a cessação do tabagismo.
A hipnose para parar de fumar mostra-se bastante eficaz, apresentando bons resultados aos pacientes. No entanto, para que tenha o efeito esperado o indivíduo deve realmente querer cessar o hábito e mudar seus comportamentos.
Efeitos do tabagismo na saúde
Dados do Vigitel 2020 mostram que o percentual total de fumantes no Brasil é de 9,5%, sendo 11,7% entre os homens e 7,6% entre as mulheres. Isso significa que aproximadamente 22 milhões de pessoas ainda fumam no Brasil, mesmo sabendo dos riscos à saúde.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo está associado a mais de 50 doenças, incluindo diferentes tipos de câncer, tuberculose, infecções respiratórias, úlceras gastrointestinais e outras.
O tabaco fumado em qualquer uma de suas formas contribui significativamente para derrames e ataques cardíacos. A estimativa mostra que, por ano, cerca de 157 mil pessoas morrem por complicações causadas pelo tabagismo.
Mas sabendo de tudo isso, por que as pessoas simplesmente não param de fumar?
Embora a desculpa de que “eu posso parar quando quiser” seja comum, na prática não é tão fácil.
De acordo com um relatório elaborado pela Campanha das Crianças Sem Tabaco, os cigarros são mais viciantes do que a cocaína e a heroína.
Com isso em mente, será que a hipnose para parar de fumar é realmente eficaz? Veja a seguir!
Hipnose para parar de fumar FUNCIONA?
Como uma intervenção breve e econômica, a hipnose representa uma abordagem viável e promissora para alcançar a cessação do tabagismo e, portanto, pode reduzir significativamente os riscos à saúde relacionados ao tabagismo.
Felizmente, existem boas razões para acreditar que a hipnose pode desempenhar um papel fundamental em uma intervenção para parar de fumar empiricamente fundamentada.
Diversos estudos científicos documentam consistentemente a eficácia da hipnose no tratamento de uma variedade de outras condições psicológicas e médicas, desde dores agudas e crônicas até obesidade (por exemplo, Lynn, Rhue e Kirsch, 2010).
Além disso, os estudos têm demonstrado que a hipnose pode aumentar os ganhos de tratamento de procedimentos cognitivo-comportamentais (Kirsch, Montgomery e Sapirstein, 1995).
Paralelamente a estes desenvolvimentos, a hipnose ganhou popularidade como uma intervenção para parar de fumar com a promessa de atingir um amplo público de consumidores.
Por exemplo, Sood, Ebbert, Sood e Stevens (2006) relataram que 27% de sua amostra de 1.117 pacientes em uma clínica ambulatorial especializada em tratamento do tabaco designaram a hipnose como a mais promissora em termos de uso futuro entre técnicas médicas complementares e alternativas para fumar.
Além do apelo popular da hipnose, estudos empíricos fornecem uma razão para otimismo em relação à hipnose como meio de alcançar a abstinência.
Revisões narrativas feitas por diversos estudiosos (Aabbot, Barnes, White, Barnes, & Ernst, 2000; Green & Lynn, 2000; Law & Tang, 1995), meta-análises (Green, Lynn, & Montgomery, 2006, 2008; Viswesvaran & Schmidt, 1992), e estudos individuais fornecem suporte para o uso da hipnose no tratamento de cessação do tabagismo, com taxas de abandono tipicamente na faixa de aproximadamente 25% a 35%.
Como FUNCIONA?
A hipnose pode ter um efeito no cérebro, alterando a maneira como ele reage aos estímulos. O cérebro reagirá de maneira diferente com reforço positivo, o que pode reduzir o desejo por cigarros e tornar mais fácil para as pessoas parar de fumar.
Com o apoio de um hipnoterapeuta de confiança, você aprenderá o que desencadeia sua vontade de fumar e quais emoções podem estar contribuindo para isso. Em alguns casos, a necessidade de fumar pode atuar como uma forma de autorregulação e redução do estresse.
Portanto, a hipnoterapia também é uma forma de autoconhecimento. Por exemplo, um fumante que acende um cigarro sempre que está ansioso pode aprender a interromper esse comportamento e procurar outras maneiras de lidar com o problema.
A hipnose não é uma solução mágica; simplesmente ajuda a reforçar o comportamento positivo, como parar de fumar. É importante identificar os gatilhos e motivações que levam um indivíduo a fumar e cooperar com o terapeuta para detê-los.
A hipnose por si só não faz alguém parar de fumar. É um tratamento único e personalizado para cada pessoa. A hipnoterapia pode ajudar a se livrar de um mau hábito como o tabagismo. No entanto, a eficácia depende em grande parte da vontade da pessoa de começar.
Vale ressaltar que crises de abstinência podem acontecer, como em qualquer outro tratamento. No entanto, a hipnose tende a aliviar a intensidade dos sintomas, pois o paciente terá maior controle sobre suas emoções.
Mitos sobre a hipnose
Antes de desistir do seu tratamento antes mesmo dele começar devido aos mitos populares sobre a hipnoterapia, vamos esclarecer alguns pontos:
- A hipnose para parar de fumar não muda o cérebro;
- O hipnoterapeuta não irá controlar a sua mente;
- Você não precisará ficar inconsciente durante o tratamento;
- Ser hipnotizado não é a mesma coisa que dormir;
- Você não dirá nada contra a sua vontade sob hipnose;
- Não há riscos de ficar “preso em estado de transe” para sempre.
Se você quiser saber mais sobre os equívocos em torno da hipnose, recomendamos a leitura deste artigo: Os 7 mitos hollywoodianos sobre a hipnose – Dr. Alberto Bicudo (dralbertobicudo.com.br)
Vou conseguir parar de fumar?
Muitas pessoas relizaram essa técnica com sucesso, mas nem sempre é fácil parar de fumar apenas com a hipnose. É preciso tempo e esforço do indivíduo que deseja parar de fumar, portanto, eles também podem precisar de outros métodos, como medicações e aconselhamento.
Muitos especialistas acreditam que a melhor maneira de se recuperar dessa condição é tratar os dois aspectos do distúrbio ao mesmo tempo. Durante a hipnoterapia, você poderá abordar questões emocionais e comportamentais, enquanto tomar medicamentos ajudará na ação corretiva do domínio fisiológico, ou seja, o aspecto químico do problema.
Se você deseja realizar o tratamento com hipnose para parar de fumar, procure um profissional habilitado que possa lhe ajudar em todos estes aspectos.
Dr. Alberto Bicudo é médico e hipnoterapeuta e atende pacientes em Cuiabá, MT. Entre em contato para saber mais e agendar sua consulta de avaliação.
Referências
Abbot, N. C., Barnes, J., White, A. R., Barnes, J., & Ernst, E. (2000). Hypnotherapy for smoking cessation. Cochrane Database Systematic Review, 2, 1–8.
Green, J. P., & Lynn, S. J. (2000). Hypnosis and suggestion-based approaches to smoking cessation: An examination of the evidence. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis, 48(2), 195–224. doi:10.1080/00207140008410048
Green, J. P., Lynn, S. J., & Montgomery, G. H. (2006). A meta-analysis of gender, smoking cessation, and hypnosi: A brief communication. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis, 54(2), 224–233. doi:10.1080/00207140500528497
Green, J. P., Lynn, S. J., & Montgomery, G. H. (2008). Gender-related differences in hypnosis-based treatments for smoking: A follow-up meta-analysis. American Journal of Clinical Hypnosis, 50(3), 259–271. doi:10.1080/00029157.2008.10401628
Kirsch, I., Montgomery, G., & Sapirstein, G. (1995). Hypnosis as an adjunct to cognitive behavioral psychotherapy: A meta-analysis. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 63(2), 214–220.
Law, M., & Tang, J. L. (1995). An analysis of the effectiveness of interventions intended to help people stop smoking. Archives of Internal Medicine, 155(18), 1933–1941.
Lynn, S. J., Rhue, J. W., & Kirsch, I. (2010). Handbook of clinical hypnosis. Washington, DC: American Psychological Association.
Sood, A., Ebbert, J. O., Sood, R., & Stevens, S. R. (2006). Complementary treatments for tobacco cessation: A survey. Nicotine & Tobacco Research: Official Journal of the Society for Research on Nicotine and Tobacco, 8(6), 767–771. doi:10.1080/14622200601004109
Viswesvaran, C., & Schmidt, F. L. (1992). A meta-analytic comparison of the effectiveness of smoking cessation methods. Journal of Applied Psychology, 77(4), 554–561.