Telefone/WhatsApp

(65) 9 9649-1721

Email

dr.albertobicudo@gmail.com

Aqui temos duas abordagens que lidam com os chamados “estados de consciência” . O Mindfulness, surge no final do século passado e traz consigo a vasta gama de uma crescente evidência científica, o que a torna quase uma unanimidade nos dias de hoje em relação aos seus benefícios na opinião de Médicos e terapeutas.

A Hipnose, conhecida desde o século XIX, traz ao longo de todo este tempo controvérsias e mudanças tanto na sua compreensão como nas suas formas de aplicação, sendo defendida por muitos e criticada por outros. Mas afinal, haveria alguma similaridade entre ambas? É o que vamos discutir neste post!

Similaridades entre Hipnose e mindfulness

Em minha prática clínica, tenho usado tanto a Hipnose como o Mindfulness (ou atenção plena) como formas de prover novos recursos aos meus clientes visando o enfrentamento e a gestão de contingências relacionadas aos seus problemas.

Muitos chegam na primeira consulta sem conhecer absolutamente nada sobre um ou outro método. O interessante é que ao longo do tratamento, vou introduzindo essas ferramentas e noto o quanto as similaridades entre elas emergem, ao ponto de o próprio paciente se quer perceber o limite entre as duas. E de fato, isso pouco importa.

A questão sempre esbarra em relação a aquilo que mais faz sentido para a pessoa, sendo ela quem decide os caminhos que irá percorrer durante o tratamento e após ele. São essas similaridades e a questão subjetiva de cada cliente que me fazem pensar que entre um ou outro método, podemos ficar com ambos.

Basta um olhar mais atento para os processos, objetivos e resultados tanto do Mindfulness quanto da Hipnose Clínica, para observarmos que ambas compartilham semelhanças fundamentais de propósito e conhecimento prático.

Dentro da estrutura de um relacionamento terapêutico de confiança, tanto os terapeutas voltados para a atenção plena, como os clínicos que praticam a hipnose, ensinam aos clientes estratégias de autorregulação, como usar a respiração e empregar imagens guiadas para desviar a atenção e experimentar o profundo poder de aceitar o que é imutável ou inevitável.

Existem mecanismos comuns que fundamentam a eficácia tanto do Mindfulness quanto da Hipnose. Para começar, ambos envolvem duas pessoas: um guia, professor ou terapeuta, que usa a sugestão para enfocar e, em seguida, alterar a consciência – cognitiva, sensorial, relacional e emocional – de um cliente ou aluno, promovendo assim a aprendizagem experiencial.

Essas alterações na percepção podem dar origem a mudanças dramáticas e aparentemente espontâneas de perspectiva e até mesmo profundas transformações pessoais à medida que a autodefinição se expande. Eles também podem produzir o que pesquisadores atuais sobre os processos cognitivos e emoções, como a Dra. Lisa Feldman Barret, chamam de “realismo afetivo”.

O poder da sugestão na hipnose e mindfulness

Ambas as técnicas tem um outro componente fundamental em comum: a sugestão. Se você é um praticante ativo de Mindfulness pode ter ficado um tanto incomodado agora não é mesmo? Observo que para muitos praticantes da atenção plena soa como uma heresia, uma traição à “pureza” da própria prática associa-la com a sugestão. Mas vejamos.

O Mindfulness é tipicamente introduzido no contexto de um relacionamento terapêutico por um clínico convencido de seus benefícios, que diz sugere ao cliente angustiado que “isso pode ajudar”, e então começa a experiência conduzindo uma meditação de atenção plena guiada.

Durante a prática, busca atrair a atenção do cliente e ajudá-lo a se concentrar em certas experiências sugeridas, quer envolvam respirar, examinar o corpo, meditar na aceitação, despertar para a verdade ou cultivar a compaixão.

Finalmente, é realizada uma pactuação, implícita ou explicita, que essa experiência terá impacto duradouro no bem-estar do cliente e que a prática repetida facilitará os efeitos desejados. Similaridades com o que ocorre na Hipnose e ao estimulo da prática de auto hipnose, certamente não é mera coincidência.

Reconhecer o papel inevitável da sugestão na atenção plena é reconhecer os princípios e métodos da hipnose clínica. A hipnose abrange o estudo de como compor e fornecer sugestões que prendam a atenção do cliente, promovam uma absorção experiencial profunda e “espontaneamente” elicitem diferentes tipos de experiências subjetivas fortalecedoras, como analgesia ou anestesia para controle da dor ou aumento da consciência corporal e sensorial.

A hipnose, assim como a atenção plena, estimula a consciência e a aceitação, especialmente a consciência dos recursos pessoais que podemos utilizar para lidar com uma situação. Praticamente toda a neurociência moderna tanto da hipnose clínica, como a da atenção plena, concentra-se nos processos de atenção e no direcionamento da mesma de maneiras clinicamente úteis.

Dissociação: a força motriz

Observamos então que, tanto Mindfulness quanto a Hipnose Clínica usam métodos sugestivos para obter respostas benéficas e não voluntárias – suspensão ou melhora da dor, sentimentos “espontâneos” de compaixão, aceitação ou transcendência e assim por diante – que não podem ser simplesmente desejados.

Uma chave para como isso pode ocorrer pode ser encontrada no fenômeno da dissociação, que, simplesmente definido, envolve a quebra de uma experiência emocional, sensorial e / ou cognitiva multifacetada em suas partes componentes.

Assim que você sugere a alguém que ela se concentre em algum estímulo específico, ou experimente uma sensação de desapego de algum pensamento ou sentimento, você está sugerindo direta e indiretamente a dissociação – chamando a atenção dela para este aspecto da experiência, separando-o funcionalmente de o resto.

Quando as pessoas falam sobre “partes” de si mesmas, como quando alguém diz: “Minha cabeça me diz isso, mas meu coração me diz aquilo” ou “Parte de mim se importa e o resto de mim não dá a mínima”, eles está usando a linguagem – e a realidade subjetiva sugerida – da dissociação.

Durante a experiência da hipnose, a dissociação torna-se especialmente evidente quando as pessoas respondem de forma não-voluntária, isto é, sem esforço consciente, a uma sugestão. Por exemplo, um médico pode sugerir uma sensação de leveza ou calor no corpo do cliente, e que o cliente permite que essa experiência se desenvolva.

Sem estar ciente de despender qualquer esforço para responder, o cliente prontamente experimenta leveza ou calor que parece “simplesmente acontecer”. Normalmente, a primeira vez que um cliente tem esse tipo de experiência dissociativa, ele fica realmente surpreso.

Em Mindfulness, a dissociação se torna igualmente evidente quando as pessoas podem se separar de seus referenciais usuais. Quando alguém mergulha na serenidade por meio de um foco estreito apenas na experiência física da respiração, a sensação de despersonalização que a acompanha pode ser uma resposta dissociativa benéfica.

A capacidade de se desligar dos próprios pensamentos – externando pensamentos de raiva ou autodestrutivos ao vê-los, por exemplo, simplesmente como “nuvens passando no céu” – tem grande potencial terapêutico como um passo crítico na construção de controle de impulso, tolerância à frustração e habilidades de teste de realidade.

Aplicações

É possível que possamos entender mais profundamente os fenômenos da atenção plena muito melhor se estudássemos os mecanismos empiricamente demonstrados da hipnose clínica.

Sabemos que nossas experiências de vida, desde a infância, englobando aspectos de nossa genética, condição orgânica e ambiente sócio cultural em que estamos inseridos contribuem decisivamente para a formação dos nossos valores, de nossa imagem de mundo e de nós mesmos.

Nosso cérebro usa essas informações para produzir padrões e formas de organizar acontecimentos e, sobretudo, criar previsões.

Hipnose e Mindfulness propiciam um mergulho a de cada pessoa à sua própria experiência subjetiva, de modo a compreender melhor este seu mundo interior.

Ambas levam a ampliação do campo de consciência, em direção a percepção de sensações que, embora presentes, antes não eram percebidas. Ao perceber que os diferentes aspectos que englobam uma experiência passada ou a nossa própria realidade presente os insights começam a acontecer.

Quanto mais estreito o campo de consciência de um indivíduo, menos opções ele encontrará para o enfrentamento de seus problemas. Como se estivesse preso dentro da sua própria realidade, criada e concebida por si mesmo.

Isso predispõe ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade, depressão, estresse descontrolado e desequilíbrios que associam distúrbios de sono, alimentação inadequada, sedentarismos, portas para desequilíbrios hormonais e metabólicos (imunológicos, inflamatórios, etc.), que levam ao inevitável surgimento de doenças físicas e graves.

3 benefícios relacionados a utilização de técnicas de Mindfulness e Hipnose:

1 – Auto controle:

Você pode ter mais controle sobre suas emoções do que pode imaginar. A hipnose lhe ajudará a centralizar sua mente para pensamentos mais positivos e menos autodestrutivos. É possível aplicar as técnicas de Mindfulness em exercícios simples e em situações naturais do nosso cotidiano, com o uso de âncoras (como por exemplo a respiração).

Sair do automatismo emocional, criar novos comportamentos zelando pela pratica do auto cuidado e direcionar sua consciência para seus objetivos, assumindo o controle de sua própria vida, poderá ser a chave para um futuro de maior congruência e harmonia interior.

2 – Tratamento de vícios e hábitos ruins:

Com o controle dos nossos pensamentos, fica mais fácil de se livrar de vícios como alcoolismo, fumo e até compulsões alimentares, por exemplo. Hábitos podem ser bons, ruins ou, como são a maioria deles, neutros.

Hábitos ruins podem ser os grandes sabotadores de nossa saúde. Em geral, tanto eles quanto os vícios estão muito ligados a instintos primitivos, como a busca por água, comida e parceiros sexuais.

O cérebro possui circuitos ligados ao prazer e recompensa que são ativados quando uma pessoa consome certas substâncias químicas psicoativas, levando a uma descarga de prazer que incentiva a repetição desses comportamentos (recompensa) de modo cada vez mais intenso e imediato.

Nem todas as pessoas que usam drogas ficam dependentes dela, a vulnerabilidade dessa pessoa vai depender de diversos fatores, inclusive da predisposição genética ao vício. Por isso, apenas quem passa por isso pode saber o quão difícil é seu tratamento.

Neste processo, além dos medicamentos, a Hipnose e Mindfulness poderão auxiliar, atuando diretamente em aspectos cognitivos, relacionados a inibição dos circuitos mentais ativados na adicção, reforçando a criação de novos comportamentos.

3 – Tratamento e prevenção de doenças

Estas técnicas podem ser utilizadas como métodos complementares no tratamento de inúmeras doenças físicas e mentais. Nosso objetivo é potencializar as melhorias obtidas pelo paciente durante o tratamento físico, com uso de medicações ou procedimentos cirúrgicos, ajudando o indivíduo alcançar resultados positivos com mais rapidez.

É cientificamente comprovado que com a reorganização dos circuitos de atenção do cérebro, muitos pacientes ficam mais resistentes à dor física, a partir do momento em que a mente é gerenciada e organizada, é possível direcionar nosso foco para algo que realmente queremos, o que inclui a recuperação da saúde.

Lembre-se nossa mente e corpo são partes inseparáveis de um todo e para conseguir um tratamento integral que realmente tenham resultados efetivos e duradouros, todos os aspectos que envolvem a completude humana devem ser abordados.

Recommended Articles

Leave A Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *